sexta-feira, março 06, 2009

As confissões da cobra


Minha gente, chegou o momento. O momento em que disponibilizarei os pormenores mais íntimos e chocantes da minha vida na internet. Não só a internet, mas todo o mundo ficará a saber a história triste da minha vida, as frustações com que vivo e a tragédia que passo. Estou, inclusivé, a trabalhar numa auto-biografia bastante extensa e pormenorizada. Irá conter ainda mais informações e curiosidades acerca da minha vida caótica. Será lançada brevemente... por favor comprem que o livro não vai ser caro, e eu estou a precisar de dinheiro.
Além disso, a minha parceria de longa-data com Steven Spielberg resultará agora numa longa-metragem sobre estas confissões que vos confessarei neste confessionário de confecções muito bem confeccionadas. É isso, e antes que reportem alguma coisa à GNR pela quantidade de merda que acabei de dizer, só vos peço: caguem nesta última frase por favor!

Bem, sem mais demoras, vou começar com a minha primeira grande revelação ao mundo. Eu só espero que nenhum de vocês alguma vez passe pelo que estou a passar agora. O sofrimento e a agonia são de tal maneira imensuráveis que é díficil descrever apenas por palavras o que vos quero transmitir... Por isso mesmo é que vou pôr uma imagem primeiro:

Batatas fritas. Eu não como batatas fritas em casa à cerca de um ano. Não sou só eu que choro, também o meu estômago e o meu paladar estão solidários comigo nesta situação... e eu não se aguento muito mais viver neste mundo sem tocar com uma glândula que seja da minha língua em pelo menos UMA batata frita...
Ok atenção, eu costumo comer batatas fritas quando vou a restaurantes e tal, mas não é essa a tragédia. É que em casa, o lugar que é suposto ser o sítio mais seguro e agradável do mundo para mim, o local onde o amor dos meus pais se devia revelar através da oferta de comida, doces e rebuçados, é uma porra dum ESGOTO onde eu passo FOME! Porquê?... Porque é que me fazem isto? Em criança, cada vez que voltava a casa, voltava com entusiasmo... com ansiedade, pressa... porque sabia que algures, na cozinha, estaria um prato de batatas fritas a chamar por mim... por mais triste que o meu dia tivesse sido, por mais bullying e molestações que me tivessem feito na escola, sabia que teria sempre um lugar seguro e confortável no mundo, com as minhas batatas fritas...
Mas acabou. Por motivos que me são alheios, as batatas fritas desapareceram de minha casa. Uma das poucas coisas que me dava força para continuar a viver, simplesmente foi-se. Eu esperei e esperei, mas a esperança já se esgotou... terei que me conformar com a ausência das batatas em minha casa... as lágrimas que deitava ao comê-las, a baba que me escorria da boca, o cheiro a batata frita que pairava na casa de banho cada vez que defecava... tudo não passará de meras recordações daqui a diante... e não tenho escolha senão conformar-me com isso, e continuar a viver neste mundo injusto e cruel...

Bem, deixemos as batatas fritas e passemos à minha próxima confissão. Devo dizer-vos que se são pessoas sensíveis devem fechar imediatamente o vosso browser, martelar o vosso computador e procurar refúgio no bunker mais próximo da vossa localidade, porque a violência desta próxima revelação minha é, enfim... muito, muito elevada. Aqui vai...


Douradinhos. Doura-fucking-dinhos. Nem sei como dizer isto... Estão a ver as batatas? Eu posso afirmar que não as como à cerca de um ano. Porque é que não vos digo à quanto tempo é que não como um douradinho? Porque nem sei quando foi a última vez que vi um. Se é que alguma vez vi... terá tudo sido apenas um sonho?... Não sei... porque tenho uma vaga sensação de que sabe a peixe, não sei porquê...
É por isto que acredito que já os comi e que nunca mais os vi, de tal forma que os danos mentais foram tão graves que tenho estes conflitos de realidade/sonho. Por exemplo, nem sei se estou realmente a escrever num blog. Isto pode ser tudo fruto de uma ilusão ou sessão de hipnotismo a que fui submetido, a fim de mergulharem no meu insconsciente e descobrirem as memórias mais remotas para perceberem as razões dos meus actos de auto-mutilação e tentativas de suicidio em plena luz do dia. Ou então fui transferido para um universo paralelo onde as batatas fritas e os douradinhos não existem!

Desculpem lá esta crise, não sei bem o que se passou, mas acho que ainda estou a tentar recuperar do choque desta minha 2ª confissão...

Amigos, fiquemos por aqui. Não me é facil falar assim sobre a minha vida e problemas íntimos, e acho que estou prestes a ter um desgaste emocional após estas minhas confissões. Por favor, comprem o a minha aut-biografia a ser lançada brevemente: "As confissões da cobra", com comentários de Xói, a cadela maravilha. Esperem também pelo filme que será um grande êxito, a ter estreia mundial nas próximas semanas. Por favor vejam-no que ando mesmo à rasca de dinheiro para pôr gasosa no carro nestes últimos dias. E lembrem-se...

Nunca deixem de comer batatas fritas. E douradinhos.